7 de maio de 2016

ARCANOS E VELAS

The Tarot of Prague
BabaBarock, 2016

Uma dos meus hábitos mais antigos é acender uma vela antes de uma leitura de Tarô. Diante de um consulente, durante uma consulta virtual e mesmo à luz do dia, garanto a chama acesa no ambiente. O motivo é simples e significativo: como leitor de imagens, tenho a função de contar histórias — histórias que se desvelam conforme desvelo as cartas, histórias desconhecidas por mim e mesmo pelos meus clientes. Histórias deles. Histórias que podem ser minhas. Então me ponho como facilitador dessas histórias. O que faço é engendrar as palavras a partir das imagens: construo uma narrativa, seja longa ou concisa, tanto com o baralho inteiro quanto com uma carta apenas. E para caminhar no desconhecido dessas tramas — no escuro do exercício simbólico — é necessário uma lamparina, uma lanterna. Por isso as velas assumem o papel de geradoras da inspiração e da intuição. É a luz do oráculo. Quem lê os arcanos tem o dever de gerir o calor dessas histórias. 

Evoluíram as lâmpadas dos contos de fadas para a haste moldada na cera das abelhas. E nela ainda o gênio. Uma alquimia milenar. A chama deve ser implementada e respeitada como fonte de clareza em relação aos símbolos analisados: a faísca mais antiga incidindo sobre a simbologia. Força vertical, que toca as alturas. Ao lado das cartas, uma vela aquece o ambiente e a relação das pessoas ou dos instrumentos envolvidos na leitura do Tarô. E ela prende a atenção de modo discreto — é uma forma simples e ao mesmo tempo poderosa de tonificar a consulta. De ascensionar cada presságio. 


The Tarot of Prague
BabaBarock, 2016


Em vez de maldizer a escuridão, acender uma vela. Que é trazer o fogo para si — o elemento ligado à produção do alimento e à transformação da vida antiga em uma nova. Essa medida reforça o que uma leitura pode fazer por nós e por nossos consulentes: resgatar o dínamo interior, reavivar a autoconfiança e suscitar uma postura decidida frente ao que exige atitude ou ao que está por vir. Em poucas palavras, traz luz a um modo diferente de ver e viver as circunstâncias; abre o apetite em relação ao mundo, tão vasto quanto se imagina. 

Uma vela, por mais simples que pareça, assegura esses propósitos de forma serena e até mesmo charmosa. Minha sugestão é optar por velas pequenas e aromáticas, especialmente as que vêm ou caibam em vidros. Evite velas votivas ou muito compridas que podem atrapalhar ou poluir sua performance oracular. Siga a faísca da intuição. Ela se alastra.




PROLEGÔMENOS PARA O VATICÍNIO LUMINOSO 

A chama de uma vela condensa todo o fogo dos céus, das terras, dos mares de todos os tempos. Uma vela acesa honra as sacerdotisas, os contadores de histórias, as adivinhas e os leitores do passado, do presente e do futuro. Peça, antes e depois de cada leitura das cartas, que haja eloquência e sensatez ao lidar com as imagens de cada carta e boa vontade com cada um dos seus consulentes. Quando se lê o Tarô, você está se dedicando a outra pessoa ou a um objetivo. A vela serve como lembrete para haver consciência, tranquilidade e responsabilidade diante do oráculo. 




Este procedimento recebe conotações variadas de profissional para profissional, dentre elas a religiosa e a decorativa. Por isso deixo absolutamente claro que a eficácia do Tarô não depende de nenhum aparato sobre a mesa de leitura. Uma consulta significativa pressupõe estudo, dedicação e sincero respeito às cartas e aos consulentes. Ressalto ainda que trazer uma vela à mesa da leitura é uma medida arbitrária e não uma condição para as cartas responderem às perguntas. A segurança está na prática. Os recursos estéticos são parte de uma ritualística pessoal, mas não são condições para um bom atendimento. A beleza de uma consulta de Tarô parte do oraculista. E a excelência, tão buscada, depende do seu preparo — sua luz, suas velas interiores. Jamais dos instrumentos ao redor do baralho. Em vez de maldizer a oráculo, manter o bom senso.

Porque acender uma vela é se deixar inspirar pelo Eremita, que caminha — com pés e cajado firmes no chão da realidade — pelo campos ensolarados e pelos vales sombrios de todos os tempos. Uma vela é a prova de querer vencer o medo do mundo. Alumiar. É a confiança na luz de si. É a branda proteção dos escudos celestes. 

A emulação da Estrela.



The Tarot of Saints
Robert M Place — Llewellyn, 2002





                                                                
LEIA TAMBÉM
para saber mais sobre instrumentos 
e objetos associados à leitura do Tarô

THE MAGIC CITY SPREAD



I could not resist. As a Tarot {of Prague} reader and lover, here's a spread inspired by the city and the deck itself. It's entirely based on the places I've visited during the Baba Studio's Magic Prague Tour, so the effect will be higher if used with the Tarot of Prague, of course. It must be read each month to bring empowerment, inspiration and joy.

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1 The Petrin View Tower: an overview of the situation / of the life in this moment

2 The Prague Castle: sovereignty, how you must act to achieve your best to manage the situations 

3 The Golden Lane: day life, habits, details; what must be taken in account

4 The Strahov Library: wisdom, readings; what inspires you

5 The Saint Nicholas Church: beliefs; how’s your faith 

6 The Jewish Quarter: your life’s philosophy; the certainties

7 The Old Synagogue: what protects you; what’s your golem

8 The Astronomical Clock: how you deal with time and opportunities

9 The Powder Tower: what you must defend now

10 The Vltava River: what’s passing through you; what you must let go

11 The Charles Bridge: where you are and where you are going

12 The Vysehrad: memory, glory, honor; what must be remembered now

13 The Railway Station: how you solve or ends; who you will be in next month


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