De um e-mail:
Quem é o melhor mestre de Tarot para me ensinar?
O que devo fazer e comprar? Quanto custa aprender tudo sobre Tarô?
Saudações, queridos leitores.
Estamos de costas pra vocês, nos desculpem. É que somos muitos. E muitas vozes. Assim, omitidas as nossas roupagens e identidades, no caos do embaralhamento, podemos falar com liberdade, basta perceber. Instrumento de linguagem, gozamos do privilégio das figuras. Somos máquinas de metáfora, sem deixar de lado a concisão. Sabemos ir e levar direto ao ponto. Somos todos um. Somos um maço. Talvez seja complicado pensar em nós como uma voz uníssona, mas é assim que funciona: um conjunto, uma galeria. E o recado é sobre pretensos mestres de nós. É, dizem que existe sacerdócios de nossa sabedoria, senhores absolutos de nossos segredos, nuances e combinações. Não, queridos. Acreditem: não há mestres. Não há nem intuição que nos baste, se querem mesmo saber. Mas há aqueles desprovidos de generosidade e, não raro, de humanidade. Impostores e ingênuos negam a nossa própria humanidade em nome de um poder imbatível que acreditam encerrarmos em nossos traços e cores. Pois é, mas de fato não há milagre nenhum diluído em nossa composição. Nós somos 78 e, ainda assim, apenas um. Um só espelho. Não há sequer uma gota de maestria em quem vai contra a gentileza, a honestidade e a coerência simbólica. Somos parte daqueles que prezam pela amizade, pelo aprendizado, pela harmonia. O diálogo conosco deve ser franco. Somos abismos mudos: se não percebemos a quê as pessoas surgem, permanecemos calados, feito estátuas de mistério. Nos entreolhamos no calor da ironia, tirando a paciência de todo e qualquer apressado. O trabalho conosco é árduo. Leva anos para andar sobre nós com relativa segurança. Somos um guia, não uma ponte à fama a qualquer custo ou ao sucesso comprado. Isso é contra a nossa configuração [tantas vezes considerada] divina. Aliás, nossa estrutura transcende toda e qualquer fome de vingança e também carências mascaradas em arrogância e maledicência. Não temos mestres justamente porque não faz parte da nossa natureza. Formar ou acreditar em mestres de nós é o mesmo que subestimar nosso poder. Se perguntássemos qual é o primeiro de nós no topo de qualquer maço devidamente embaralhado, um desses ilustres senhores acertaria a resposta ao se proclamarem mestres? Nossa condição é arcana, mas a vida é que nos forma, percebem? A magia é essa: narrativa. Não se conquista nada por meio de títulos ou passos maiores que as pernas. Somos um aglomerado de memórias, de impressões e experiências. Somos o imaginário e a realidade em pleno casamento. A síntese dos tempos, lentes do ontem, do hoje e do amanhã. Por isso ensinamos a vida a quem tem olhos livres e coração aberto para caminhar sobre ela com coragem e sinceridade. Com humanidade. Quando nos abrem em leque e escolhem uma, várias ou todas de nós, a responsabilidade de vocês é grande. Sempre. Transformamos vidas, rachamos ilusões, condenamos sentenças, impedimos erros, incentivamos a felicidade e até freamos atitudes. Por isso a clareza deve ser o ponto de partida, e isso não nega o encanto entre cada lâmina que nos forma. Permitimos a vocês, caros, que nos leiam em tantas tonalidades e formas, não é mesmo? Somos metamorfose: arte e destino dançando no começo e no recomeço do mundo. O mínimo que desejamos em troca, merecidamente, é respeito, pesquisa, cuidado. Bem-aventurados aqueles que lêem, questionam, indagam, criam e duvidam. Mas quando nos associam a algum credo ou sistema filosófico, agradecemos por se tratarem de possibilidades, e não de verdades indiscutíveis sobre nosso funcionamento [e, mesmo assim, é bem sabido que não mentimos jamais]. Que haja consideração pela nossa cultura, pela nossa história e pelo nosso poder. E também pelo que não podemos fazer, e muitas das pretensões florescem daquilo que nunca fizemos e nunca faremos. Temos uma vasta literatura a ser consultada e revirada de cabo a rabo: erros e acertos se aprendem observando o que tem sido feito e escrito ao longo dos séculos. Aliás, o cuidado com projeções deve ser prioritário justamente por refletirmos pessoas e circunstâncias. É fácil errar conosco, mesmo humildemente aceitando nossa perfeição. A nossa natureza. Sem estudo e prática, não se caminha bem ao nosso lado, nem dentro de nós. Quando há simplicidade aliada ao bom gosto e à precisão com as palavras [já que é feita de imagem a nossa carne e de palavra os nossos ossos], trabalhamos dignamente. Com beleza e criatividade. Retribuímos com o paraíso quando a leitura de nós é honesta. Assim temos profissionais, formadores de opinião e facilitadores dos incontáveis nossos atalhos. Nunca mestres, por mais que se divulguem o termo ou as promessas para a obtenção de títulos semelhantes. Não há mérito [genuíno] sem esforço [autêntico]. Nada foge aos nossos olhos. Não à toa, a Justiça se mantém entre nós. Temos sido imortais graças a vozes e textos. Nossa fortuna crítica vem de vocês. Por isso sabemos que todos devem começar pelos seus próprios valores. Afinal, o respeito a nós começa em cada um. Então, vida longa a todos. Cada vez mais. Somos muitos. E de costas ou não, inspiramos qualquer um que nos espreita com verdadeira dedicação a se encarar de verdade, a avaliar os desejos e as intenções. Ah, e mestres de nós somos nós! Ainda assim, temos muito a aprender com vocês. E muito, mas muito a lhes ensinar.
Estamos de costas pra vocês, nos desculpem. É que somos muitos. E muitas vozes. Assim, omitidas as nossas roupagens e identidades, no caos do embaralhamento, podemos falar com liberdade, basta perceber. Instrumento de linguagem, gozamos do privilégio das figuras. Somos máquinas de metáfora, sem deixar de lado a concisão. Sabemos ir e levar direto ao ponto. Somos todos um. Somos um maço. Talvez seja complicado pensar em nós como uma voz uníssona, mas é assim que funciona: um conjunto, uma galeria. E o recado é sobre pretensos mestres de nós. É, dizem que existe sacerdócios de nossa sabedoria, senhores absolutos de nossos segredos, nuances e combinações. Não, queridos. Acreditem: não há mestres. Não há nem intuição que nos baste, se querem mesmo saber. Mas há aqueles desprovidos de generosidade e, não raro, de humanidade. Impostores e ingênuos negam a nossa própria humanidade em nome de um poder imbatível que acreditam encerrarmos em nossos traços e cores. Pois é, mas de fato não há milagre nenhum diluído em nossa composição. Nós somos 78 e, ainda assim, apenas um. Um só espelho. Não há sequer uma gota de maestria em quem vai contra a gentileza, a honestidade e a coerência simbólica. Somos parte daqueles que prezam pela amizade, pelo aprendizado, pela harmonia. O diálogo conosco deve ser franco. Somos abismos mudos: se não percebemos a quê as pessoas surgem, permanecemos calados, feito estátuas de mistério. Nos entreolhamos no calor da ironia, tirando a paciência de todo e qualquer apressado. O trabalho conosco é árduo. Leva anos para andar sobre nós com relativa segurança. Somos um guia, não uma ponte à fama a qualquer custo ou ao sucesso comprado. Isso é contra a nossa configuração [tantas vezes considerada] divina. Aliás, nossa estrutura transcende toda e qualquer fome de vingança e também carências mascaradas em arrogância e maledicência. Não temos mestres justamente porque não faz parte da nossa natureza. Formar ou acreditar em mestres de nós é o mesmo que subestimar nosso poder. Se perguntássemos qual é o primeiro de nós no topo de qualquer maço devidamente embaralhado, um desses ilustres senhores acertaria a resposta ao se proclamarem mestres? Nossa condição é arcana, mas a vida é que nos forma, percebem? A magia é essa: narrativa. Não se conquista nada por meio de títulos ou passos maiores que as pernas. Somos um aglomerado de memórias, de impressões e experiências. Somos o imaginário e a realidade em pleno casamento. A síntese dos tempos, lentes do ontem, do hoje e do amanhã. Por isso ensinamos a vida a quem tem olhos livres e coração aberto para caminhar sobre ela com coragem e sinceridade. Com humanidade. Quando nos abrem em leque e escolhem uma, várias ou todas de nós, a responsabilidade de vocês é grande. Sempre. Transformamos vidas, rachamos ilusões, condenamos sentenças, impedimos erros, incentivamos a felicidade e até freamos atitudes. Por isso a clareza deve ser o ponto de partida, e isso não nega o encanto entre cada lâmina que nos forma. Permitimos a vocês, caros, que nos leiam em tantas tonalidades e formas, não é mesmo? Somos metamorfose: arte e destino dançando no começo e no recomeço do mundo. O mínimo que desejamos em troca, merecidamente, é respeito, pesquisa, cuidado. Bem-aventurados aqueles que lêem, questionam, indagam, criam e duvidam. Mas quando nos associam a algum credo ou sistema filosófico, agradecemos por se tratarem de possibilidades, e não de verdades indiscutíveis sobre nosso funcionamento [e, mesmo assim, é bem sabido que não mentimos jamais]. Que haja consideração pela nossa cultura, pela nossa história e pelo nosso poder. E também pelo que não podemos fazer, e muitas das pretensões florescem daquilo que nunca fizemos e nunca faremos. Temos uma vasta literatura a ser consultada e revirada de cabo a rabo: erros e acertos se aprendem observando o que tem sido feito e escrito ao longo dos séculos. Aliás, o cuidado com projeções deve ser prioritário justamente por refletirmos pessoas e circunstâncias. É fácil errar conosco, mesmo humildemente aceitando nossa perfeição. A nossa natureza. Sem estudo e prática, não se caminha bem ao nosso lado, nem dentro de nós. Quando há simplicidade aliada ao bom gosto e à precisão com as palavras [já que é feita de imagem a nossa carne e de palavra os nossos ossos], trabalhamos dignamente. Com beleza e criatividade. Retribuímos com o paraíso quando a leitura de nós é honesta. Assim temos profissionais, formadores de opinião e facilitadores dos incontáveis nossos atalhos. Nunca mestres, por mais que se divulguem o termo ou as promessas para a obtenção de títulos semelhantes. Não há mérito [genuíno] sem esforço [autêntico]. Nada foge aos nossos olhos. Não à toa, a Justiça se mantém entre nós. Temos sido imortais graças a vozes e textos. Nossa fortuna crítica vem de vocês. Por isso sabemos que todos devem começar pelos seus próprios valores. Afinal, o respeito a nós começa em cada um. Então, vida longa a todos. Cada vez mais. Somos muitos. E de costas ou não, inspiramos qualquer um que nos espreita com verdadeira dedicação a se encarar de verdade, a avaliar os desejos e as intenções. Ah, e mestres de nós somos nós! Ainda assim, temos muito a aprender com vocês. E muito, mas muito a lhes ensinar.
Toda a nossa gratidão. Por tudo, por sempre.
Com Amor,
Tarô