Para ler ouvindo Loreena Mckennitt - A Mediterranean Odyssey.
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O Tarô é uma grande e longa viagem. Quem desconhece essa afirmação desconhece a própria natureza dos arcanos, que num vislumbre rápido pode sugerir o galope dos cavalos d´O Carro, por exemplo. Ou do próprio Louco, andarilho por excelência, aquele que desfruta dos caminhos como se fossem pêssegos suculentos num dia quente entre o sol e a sombra de uma árvore sábia. Estou há quinze dias na Europa e me dei conta do quão o itinerário traçado é exótico. Mediterrâneo.
Valete de Ouros do Scopa, jogo tradicional italiano, em Siracusa.
Il Sole, loja arcana na Taormina.
Houve a Andaluzia, onde João Cabral de Melo Neto me cantou os poemas da Sevilha e me vi bêbado com a magia flamenca dos azulejos coloridos. Na Itália a eterna Roma e depois a Umbria e a Calábria, até provar os perfumes de Sorrento em cada limão, sorvete e prato típico. Já foi a vez da Sicília, em que Taormina recebe os turistas com seus arcanos em riste, tal como é a cidade. Falo dos arcanos porque em cada ponto dessa viagem eles aparecem. Foi lá que avistei o bar IL RE DI BASTONI, onde do lado de fora havia uma placa toda estilizada e, dentro, uma camiseta vermelha com o arcano em destaque. Pirei na hora. Era a última sendo vendida e veio parar nas minhas mãos.
Il Re di Bastone, um pub na Taormina, com direito a camiseta.
De lá, uma boa história pra contar pros sobrinhos-netos: mais uma peregrinação até a boca de um vulcão. Desta vez o Etna, o maior do continente. Caminhar sobre as pedras frias de lava e dar-se conta da atmosfera marciana do ambiente, é possível ir aos limites do que se pensa enquanto viajante. Enquanto arcano vivo. O Louco ali.
O Etna que explode a todo instante e faz o coração vibrar.
Depois de visitar os templos de Jupiter, Zeus e Hércules em Agrigento, onde colhi pedras e azeitonas para uso mágico posterior, foi a vez da caótica cidade de Catania me surpreender. Na entrada do Caffè Pepe, encontro um arcano no chão: LA GIUSTIZIA. Um estado de serenidade logo tomou conta de mim naquele calor de 38 graus. Ofício e caminho validados pela portadora da balança.
Arcano VIII do 'Tarocco Indovino' (Dal Negro)
aparentemente lançado pelo jornal italiano La Repubblica.
Uma strega me disse que quando uma imagem se repete, o espírito do que ela representa se perpetua. É, tem sido assim. Trunfos em cada lugar que visito. Aliás, as cidades são mensageiras. Aonde quer que você esteja, sinta o lugar. Nem sempre pode ser agradável, mas a experiência é que faz a diferença. O tarólogo, assumindo o seu papel de Andarilho, tem o poder de (re)conhecer os arcanos em uma manifestação folclórica, na decoração de um ambiente e também na estrutura social e no modo como as pessoas se comportam. As figuras das quatro Cortes condensados em cada um de nós.
Nos jardins do Real Alcázar, em Sevilha.
Sigo com meus arcanos de viagem.
Aliás, quais são os seus?
L.
Il Sole, loja arcana na Taormina.
Houve a Andaluzia, onde João Cabral de Melo Neto me cantou os poemas da Sevilha e me vi bêbado com a magia flamenca dos azulejos coloridos. Na Itália a eterna Roma e depois a Umbria e a Calábria, até provar os perfumes de Sorrento em cada limão, sorvete e prato típico. Já foi a vez da Sicília, em que Taormina recebe os turistas com seus arcanos em riste, tal como é a cidade. Falo dos arcanos porque em cada ponto dessa viagem eles aparecem. Foi lá que avistei o bar IL RE DI BASTONI, onde do lado de fora havia uma placa toda estilizada e, dentro, uma camiseta vermelha com o arcano em destaque. Pirei na hora. Era a última sendo vendida e veio parar nas minhas mãos.
Il Re di Bastone, um pub na Taormina, com direito a camiseta.
De lá, uma boa história pra contar pros sobrinhos-netos: mais uma peregrinação até a boca de um vulcão. Desta vez o Etna, o maior do continente. Caminhar sobre as pedras frias de lava e dar-se conta da atmosfera marciana do ambiente, é possível ir aos limites do que se pensa enquanto viajante. Enquanto arcano vivo. O Louco ali.
O Etna que explode a todo instante e faz o coração vibrar.
Depois de visitar os templos de Jupiter, Zeus e Hércules em Agrigento, onde colhi pedras e azeitonas para uso mágico posterior, foi a vez da caótica cidade de Catania me surpreender. Na entrada do Caffè Pepe, encontro um arcano no chão: LA GIUSTIZIA. Um estado de serenidade logo tomou conta de mim naquele calor de 38 graus. Ofício e caminho validados pela portadora da balança.
Arcano VIII do 'Tarocco Indovino' (Dal Negro)
aparentemente lançado pelo jornal italiano La Repubblica.
Uma strega me disse que quando uma imagem se repete, o espírito do que ela representa se perpetua. É, tem sido assim. Trunfos em cada lugar que visito. Aliás, as cidades são mensageiras. Aonde quer que você esteja, sinta o lugar. Nem sempre pode ser agradável, mas a experiência é que faz a diferença. O tarólogo, assumindo o seu papel de Andarilho, tem o poder de (re)conhecer os arcanos em uma manifestação folclórica, na decoração de um ambiente e também na estrutura social e no modo como as pessoas se comportam. As figuras das quatro Cortes condensados em cada um de nós.
Nos jardins do Real Alcázar, em Sevilha.
Sigo com meus arcanos de viagem.
Aliás, quais são os seus?
L.