26 de dezembro de 2010

ARCANO DO ANO



Despe-te das palavras e te aquece.
Toma nas mãos esses odres de terra.
E como quem passeia, leva-os ao mar.
Se tudo te foi dado em abundância
O sal e a água de uma maré cheia
Eu te darei também a temperança.

Deita-te depois e vibra tua garganta
Como se fosse um início de um cantar.
Não cantes todavia.
Aqui, zona de tato e calor, margem do ser
Larga periferia, olha teu corpo de carne
Tua medida de amor, o que amaste em verdade.
O que foi síncope.
Todavia não cantes na perplexidade.


HILDA HILST
Memória | Trajetória Poética do Ser (I)



NOTA
Desculpem a poesia jorrando. Confesso que a falta de tempo tem posto o blog de lado, mas não no meu pensamento. E nem as palavras que tenho trazido faltem com a profundidade. Viajando mentalmente por todo o meu 2010, as palavras, os lugares e as pessoas precisam ser estudadas empiricamente, como na feitura de uma obra. A TEMPERANÇA vem pra isso. É meu arcano pessoal e devo a ele ainda mais trabalho. Os resultados vocês veem por aí, nas letras e nas imagens. E continuo por aqui temperando - com a licença do trocadilho - as cartas com seriedade, inovação e poesia, que é justamente o alimento primordial dos arcanos.



Obrigado pela companhia e pela amizade.

Leo