Capa da 27ª edição, Editora Record.
"─ Caralho! – gritou Úrsula. Amaranta, que começava a pôr a roupa no baú, pensou que ela tinha sido picada por um escorpião. ─ Onde está? – perguntou alarmada. ─ O quê? ─ O animal! – esclareceu Amaranta. Úrsula pôs o dedo no coração. ...─ Aqui – disse."
Nessa onda hispano-política que vem tomando conta de mim, percebo que ando cada vez mais afinado em algumas leituras — não, não só para as de Tarô. Uma inquebrável sintonia, uma atenção autêntica e um sentimento de irmandade com os autores que vão chegando. Me lembro bem do dia em que descobri a vigésima sétima edição do romance CEM ANOS DE SOLIDÃO, do colombiano Gabriel García Márquez.
García Márquez, rei absoluto do Realismo Mágico latino.
Havia um exemplar todo empoeirado na prateleira, com preço exorbitante em algum sebo da Sé. Era caro, mesmo pra um sucesso mundial. Mas relevante pra mim porque a capa trazia dois arcanos marselheses e uma mão cravejada de símbolos esotéricos. Não julgo livro pela capa, mas quando ela chama a sua atenção, pode crer, algo desperta sua atenção para a leitura. Pois bem, anos se passaram. Passeando pela Estante Virtual, o paraíso dos ratos de sebo e consumidores compulsórios de livros [como quem vos escreve sempre aqui], encontrei a mesma edição em ótimo estado de conservação e por um preço que me fez sorrir de tão baixo. Chegou a hora.
Carybé, que dá ainda mais vida aos Cem Anos.
Quando recebi o meu exemplar, que surpresa. As ilustrações não eram meras cópias da Roda e do Diabo. Eram desenhos de Carybé, artista plástico argentino radicado na Bahia, também ilustrador de alguns romances de Jorge Amado e muito amigo do excelente fotógrafo Pierre Verger. Os três que desenharam, escreveram e retrataram a Bahia da mesma forma que Gabo plantou as sementes do fantástico nos domínios latinos e além.
As gravuras não me deixaram mais em paz quando comecei a leitura. E também começou, confesso assustado, o verdadeiro fascínio por um livro. O imensurável encanto por uma narrativa. Um choque por ler exatamente tudo o que sempre quis ler. E tem sido extremamente gratificante perceber que a hora do romance chegou. Seria meu em algum momento, hoje sei disso. E o prazer de ler um clássico tão discutido, tão falado mesmo entre aqueles que pouco ou nada entendem de literatura, fisgou toda a minha atenção. O seu poder ultrapassa a genialidade narrativa e configura um espelho da política latino-americana. Clássico porque relido no mundo todo, há décadas. Relido porque necessário.
Contracapa.
Grandes surpresas a cada página, a cada associação que faço entre o baralho e os personagens. Melquíades, o cigano e bruxo de Macondo é nitidamente O Mago, arrastando seus lingotes metálicos por entre as ruas para descobrir tesouros enterrados na terra. Envelhece rapidamente, morre e reaparece, confirmando a imponência literária de García Márquez na descrição dessas passagens e na magia que corre nas veias cotidianas da cidade e da numerosa família Buendía, protagonista da saga.
Melquíades, O MAGO.
Conhece aquele papo de que o livro certo aparece na hora certa? Já parou pra pensar que com o tarô é a mesma coisa? Um arcano, por mais indesejado, não é escolhido à toa do leque aberto.
E recomendar um livro pela capa? Bom, nesse caso sou suspeitíssimo pra falar.
Ainda mais agora, né? Fica a dica. Mas se você não se sentir à vontade com a ideia, respeite isso.
Tudo tem a sua hora. Se você leu e não gostou, deixo o convite para uma releitura mais atenta, do jeito que você lê o Tarô.
Bom, paro por aqui. E continuo em Macondo.
Boas leituras.
Nessa onda hispano-política que vem tomando conta de mim, percebo que ando cada vez mais afinado em algumas leituras — não, não só para as de Tarô. Uma inquebrável sintonia, uma atenção autêntica e um sentimento de irmandade com os autores que vão chegando. Me lembro bem do dia em que descobri a vigésima sétima edição do romance CEM ANOS DE SOLIDÃO, do colombiano Gabriel García Márquez.
García Márquez, rei absoluto do Realismo Mágico latino.
Havia um exemplar todo empoeirado na prateleira, com preço exorbitante em algum sebo da Sé. Era caro, mesmo pra um sucesso mundial. Mas relevante pra mim porque a capa trazia dois arcanos marselheses e uma mão cravejada de símbolos esotéricos. Não julgo livro pela capa, mas quando ela chama a sua atenção, pode crer, algo desperta sua atenção para a leitura. Pois bem, anos se passaram. Passeando pela Estante Virtual, o paraíso dos ratos de sebo e consumidores compulsórios de livros [como quem vos escreve sempre aqui], encontrei a mesma edição em ótimo estado de conservação e por um preço que me fez sorrir de tão baixo. Chegou a hora.
Carybé, que dá ainda mais vida aos Cem Anos.
Quando recebi o meu exemplar, que surpresa. As ilustrações não eram meras cópias da Roda e do Diabo. Eram desenhos de Carybé, artista plástico argentino radicado na Bahia, também ilustrador de alguns romances de Jorge Amado e muito amigo do excelente fotógrafo Pierre Verger. Os três que desenharam, escreveram e retrataram a Bahia da mesma forma que Gabo plantou as sementes do fantástico nos domínios latinos e além.
As gravuras não me deixaram mais em paz quando comecei a leitura. E também começou, confesso assustado, o verdadeiro fascínio por um livro. O imensurável encanto por uma narrativa. Um choque por ler exatamente tudo o que sempre quis ler. E tem sido extremamente gratificante perceber que a hora do romance chegou. Seria meu em algum momento, hoje sei disso. E o prazer de ler um clássico tão discutido, tão falado mesmo entre aqueles que pouco ou nada entendem de literatura, fisgou toda a minha atenção. O seu poder ultrapassa a genialidade narrativa e configura um espelho da política latino-americana. Clássico porque relido no mundo todo, há décadas. Relido porque necessário.
Contracapa.
Grandes surpresas a cada página, a cada associação que faço entre o baralho e os personagens. Melquíades, o cigano e bruxo de Macondo é nitidamente O Mago, arrastando seus lingotes metálicos por entre as ruas para descobrir tesouros enterrados na terra. Envelhece rapidamente, morre e reaparece, confirmando a imponência literária de García Márquez na descrição dessas passagens e na magia que corre nas veias cotidianas da cidade e da numerosa família Buendía, protagonista da saga.
Melquíades, O MAGO.
Conhece aquele papo de que o livro certo aparece na hora certa? Já parou pra pensar que com o tarô é a mesma coisa? Um arcano, por mais indesejado, não é escolhido à toa do leque aberto.
E recomendar um livro pela capa? Bom, nesse caso sou suspeitíssimo pra falar.
Ainda mais agora, né? Fica a dica. Mas se você não se sentir à vontade com a ideia, respeite isso.
Tudo tem a sua hora. Se você leu e não gostou, deixo o convite para uma releitura mais atenta, do jeito que você lê o Tarô.
Bom, paro por aqui. E continuo em Macondo.
Boas leituras.
7 comentários:
Léo!
Fiquei encantada com seu texto.
Sei exatamente como é essa paixão pelos livros, pela literatura, pelo Tarot!
E não tenha dúvidas: como dizia minha professora de Literatura: sim, os livros nos veem às mãos quando dele precisamos e/ou estamos efetivamente preparados para sua leitura. É como aquela história do mestre aparecer quando o discípulo está pronto!
Além de ser formada em Letras (a escolha não foi por acaso), ainda sou também estudiosa do Tarot.
Parabéns!
Abraços,
Raquel.
Essa foi "dose"!
Depois do comentário enviado, vi que cometi um erro gramatical:
onde está veem, lê-se vem.
Nossa, imperdoável... rsss..
Sem dúvidas!
Quanto mais quando você está guardando as cartas após um atendimento, e uma "salta" e vai ao chão...
Tenho prestado mais atenção a este tipo de fato prosaico do acaso
Abraços.
esse livro é delicioso...
sinestésico.
uma das experiências marcantes na vida.
um livro de cabeceira.
Que blog bacana. E ainda mais falando do "Cem Anos de Solidão". Parabéns.
Abs.
ah livro ! eterno companheiro nas horas de silêncio e solidão, aviva a razão narrando sensações, emoções, turbilhões de dramalhões em suma lições...
Leo, este livro foi o mais forte que eu lí.= na minha vida. Se não me engano lí justamente a edição que tinha esta capa. A gente se sente pertencente àquela história, como se fosse a nossa própria. É visceral, cheio de dor e de amor como toda vida verdadeira. Abs
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