O herói é alguém que deu a própria vida por algo maior que ele mesmo.
Há dois tipos de proeza do/para o herói. Uma é a proeza física, em que ele pratica um ato de coragem, durante a batalha, ou salva uma vida. O outro tipo é a proeza espiritual, na qual o herói aprende a lidar com o nível superior da vida espiritual e retorna com uma mensagem. O herói evolui à medida que a cultura evolui. É o feito típico do herói - partida, realização, retorno.
Na Idade Média, uma imagem predileta, que ocorre em muitos, muitos contextos, é a da roda da fortuna. Existe o eixo da roda e existe a borda da roda. Por exemplo, se você estiver preso à borda da roda da fortuna, você estará ou acima, no caminho descendente, ou abaixo, no caminho ascendente. Mas se estiver no eixo, você estará no mesmo lugar o tempo todo, no centro. Este é o sentido do voto de casamento - eu a aceito na saúde ou nada doença, na riqueza ou na pobreza: no caminho ascendente ou no descendente. Se eu a tomo como o meu centro, minha esposa é a minha bem-aventurança, não a riqueza que possa trazer-me, não o prestígio social, mas ela, em si. Isso é que é perseguir a bem-aventurança. Estamos vivendo, o tempo todo, experiências que podem, ocasionalmente, conduzir a isso, uma breve intuição de onde está nossa bem-aventurança. Agarre-a. Ninguém pode dizer-lhe o que será. Você precisa aprender a reconhecer a sua própria profundidade.
Nossa vida desperta o nosso caráter. Você descobre mais a respeito de você mesmo à medida que vai em frente. Por isso é bom estar apto a se colocar em situações que despertem o mais elevado e não o mais baixo da sua natureza. Chamar alguém de herói ou monstro depende de onde se localiza o foco da sua consciência.
Joseph Campbell
O PODER DO MITO