25 de julho de 2009

DAS FEITIÇARIAS E DOS MALEFÍCIOS NAS CARTAS


Witchcraft Crash Course Day One - Carolina Gonzalez
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Depois que Clarice desceu em mim, fiquei mais propício aos mistérios. Tão propício que aprontei rapidamente uma contribuição pra junta de tarólogos do Clube do Tarô. Explico: uma internauta perguntou sobre a presença simbólica de feitiçarias nas cartas. Acabei dissertando minhas experiências em atendimentos aqui no interior, refúgio de superstições e iguarias religiosas.
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Receitinha de bolo básica, mas forte.
Entre a ética e a curiosidade, dei ouvidos à segunda. Escrevi porque é útil saber.
Afinal, como pode um tarólogo ou estudante de imagens deixar de lado um assunto desses?

Eu, que entendo do riscado, tinha de contribuir. Tá lá.
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www.clubedotaro.com.br
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Axé!

23 de julho de 2009

UM JOGO DE CLARICE




Alguém imagina Clarice sem poder escrever? Eu sim. Tanto que a chamei para um café. Convite aceito, deito o Tarô sobre a mesa. Caderno algum. Nenhuma caneta. Baralho e xícaras e mais nada. E mais todo o silêncio por cima.

Clarice frequentava cartomantes. Mas imagine a própria, esfinge ucraniana sem sua leitora de sorte, tomando as lâminas. Ela as toca. Eu as embaralho. E no inferno da dúvida ela se pergunta sobre essas figuras tão enigmáticas quanto ela. Imaginou? Eu também. 

Chego mais perto, então.




Incompreendida, Clarice solta os papéis de suas mãos furtivas. Pego a primeira, A Torre. Um desastre, ela deve pensar. Sim, essa é a carta de nascimento de Clarice, nascida Haia Lispector em 10 de dezembro de 1920. 

O Arcano 16 é a mais pura imagem da sua pessoa e da obra: a desconstrução do entendimento e do sentido humano, a ruptura com o factual que coloca até a subjetividade em dúvida. Incompreensões. Porque entender é um auspício de erro. E por que um raio nesse castelo estreito?




Daí me pego explicando que esse raio, esse castigo ou sinal de Deus, é uma súbita percepção da nossa verdadeira realidade. Da verdade real. Clarice não compreende. Ou compreende? Bom, se eu soubesse sua postura diante das cartomantes, diante das cartas, logo saberia responder. 

Talvez não.

O que eu sei é que Clarice não sabia rezar. Mas será que não rezava ao tratar do ovo? O ovo, sim, aquela coisa suspensa, aquilo que é a alma da galinha. Se era uma oração, devotadamente ela esqueceu: o ovo, pois, é um esquivo. 

Um esquivo da Papisa que teima em escondê-lo.




O mais curioso neste insight é o caso do 9 de Paus, arcano que ela tira do maço, olha e bate os cílios. A imagem de um homem com a cabeça enfaixada é outro motivo para Clarice estranhar a natureza das cartas mudas. 

Eu explico, recorrendo a um livro, que é um pedaço notável do seu mapa astral: Aleister Crowley associa o arcano à Lua em Sagitário. Uau, que medo. O "Senhor da Grande Força" é o que mostra uma pessoa adoecida recuperando-se. Indica boa saúde, mas com sérias dúvidas a longo prazo. 

É Clarice, que se queima no fogo divino. Mãos feridas. 

Escritas marcadas, rancorosas. Eternas.





Depois dessa, eu paro. Por ora.

Rápido jogo, eu sei. Clarice quer silêncio para ouvir melhor essas figuras. 
Anos e anos para compilar os registros desta conversa. Para perdoar Deus.

Haverá, na água viva do tempo. 
E até lá, eu respeito.






























10 de julho de 2009

5 de julho de 2009

Prenez soin de vous




Já adianto: Sophie Calle passará por aqui pra um café tarot.
Falaremos da Flip, da sua obra e da leitura de Maud Kristen.



Combinado.


L.