Continuo agora com as associações entre os arcanos maiores e as mais importantes telas da história da Arte eleitas pela revista BRAVO! Especial 100 Obras da Pintura Mundial, publicada pela editora Abril. Se você chegou agora no Café Tarot e não viu a primeira parte da galeria, desça até a postagem anterior. No final desta, lanço os devidos créditos bibliográficos. Então, mãos à(s) obra(s).
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O PESADELO Henry Fuseli
O PENDURADO
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Aclamada e considerada por Goethe a obra que motivou a consagração artística do pintor e literato suíco Henry Fuseli, O Pesadelo esbanja obscuridade e traduz, pelo macabro, a atmosfera conflituosa e complexa da psique humana - a imaginação, o sonho, a visão turva da realidade pelo inconsciente. Eis a expressão quase corporal do arcano 12, O Pendurado. Se assemelham pela postura desconfortável de um aprisionamento, seja ele onírico ou real.
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O TRIUNFO DA MORTE Pieter Brueghel
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O TRIUNFO DA MORTE Pieter Brueghel
A MORTE
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Tendo por inspiração a "dança da morte", manifestações dramáticas que tratavam dos castigos do mundo como a peste negra na Europa, por exemplo, a tela de Brueghel ilustra os episódios de uma chacina causada por esqueletos que, além de plebeus, esquartejam e judiam de reis, nobres e cristãos. Metáfora mais que nítida do "arcano sem nome" do fim garantido para todos os homens, independente de sua classe ou função social. Penso até que a carta pode ser um quadro resumido que sugere toda a coreografia e devastação da inominável. Se na obra temos os tons rubros evocando os campos infernais, a sangria usada pelo ilustrador espanhol Luis Royo no Labyrinth Tarot também dá essa idéia. Não só em tons mas em significado as pinturas dialogam. Osso por osso.
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NO SALÃO DA RUE DES MOULINS Toulouse-Lautrec
A TEMPERANÇA
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As analogias aqui parecem absurdas num primeiro momento. Porém, analisando mais de perto a expressão boêmia do francês Lautrec em retratar prostitutas afeta os atributos da Temperança no que diz respeito ao tédio, à rotina e aos movimentos ensaiados de braços e pernas, todas as madrugadas. A alquimia do arcano 14 se dá na mistura de cores e impressões móveis da obra, que transcende o marasmo dos bordéis. Rosa la Rouge, a ruiva ao centro da pintura, seria a mulher que verte os jarros da decadência parisiense que consumiu o pintor - em um deles, o álcool e no outro a sífilis, fluidos letais ao seu talento. A temperança é a Arte, em todos os sentidos, tons e cheiros. A justa medida entre o belo e promíscuo: Lautrec no tarô.
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As analogias aqui parecem absurdas num primeiro momento. Porém, analisando mais de perto a expressão boêmia do francês Lautrec em retratar prostitutas afeta os atributos da Temperança no que diz respeito ao tédio, à rotina e aos movimentos ensaiados de braços e pernas, todas as madrugadas. A alquimia do arcano 14 se dá na mistura de cores e impressões móveis da obra, que transcende o marasmo dos bordéis. Rosa la Rouge, a ruiva ao centro da pintura, seria a mulher que verte os jarros da decadência parisiense que consumiu o pintor - em um deles, o álcool e no outro a sífilis, fluidos letais ao seu talento. A temperança é a Arte, em todos os sentidos, tons e cheiros. A justa medida entre o belo e promíscuo: Lautrec no tarô.
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O SABÁ DAS BRUXAS Francisco de Goya
O DIABO
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Os que conhecem a Bruxaria sabem o que estão vendo. E quem não domina as Artes Negras como as feiticeiras da pintura, podem ver o harém diabólico de prazeres deturpados e oferendas de rebentos ao deus do gozo. "Aquelarre", o prado do bode, ilustra o imaginário do povo espanhol que testemunhou durante tempos a perseguição inquisitorial de bruxas e sacerdotisas do Diabo. Mais que um desejo de obter poderes sobrenaturais, Goya pincelou os ignorantes apelando aos rituais para acabar com a miséria. A pintura do Thoth Tarot é o deus dos prazeres, aquele da malícia e do poder da vontade sobre o mundo. Mais real que se pensa, os bodes conversam entre si e com seus "escravos". Maior fracasso é não acreditar neles.
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TORRE EIFFEL Robert Delaunay
Os que conhecem a Bruxaria sabem o que estão vendo. E quem não domina as Artes Negras como as feiticeiras da pintura, podem ver o harém diabólico de prazeres deturpados e oferendas de rebentos ao deus do gozo. "Aquelarre", o prado do bode, ilustra o imaginário do povo espanhol que testemunhou durante tempos a perseguição inquisitorial de bruxas e sacerdotisas do Diabo. Mais que um desejo de obter poderes sobrenaturais, Goya pincelou os ignorantes apelando aos rituais para acabar com a miséria. A pintura do Thoth Tarot é o deus dos prazeres, aquele da malícia e do poder da vontade sobre o mundo. Mais real que se pensa, os bodes conversam entre si e com seus "escravos". Maior fracasso é não acreditar neles.
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TORRE EIFFEL Robert Delaunay
A TORRE
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A Torre Eiffel, símbolo máximo de Paris, é destruída por Delaunay. A palavra de ordem aqui, clara tanto na obra quanto no baralho Morgan-Greer, é fragmentação. As estruturas metálicas se desintegram pelo sol assim como o fogo, os raios e as bravas ondas tratam de corroer o esquema interno da construção. O pintor francês é considerado o criador do "cubismo órfico", tendência que agrega uma faceta lírica às exatidões do movimento tradicional.
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A EXPULSÃO DE ADÃO E EVA DO PARAÍSO Tommaso Masaccio
A TORRE
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Não podia deixar de mostrar essa outra obra devido à semelhança gritante com os antigos baralhos minchiate. O portão do paraíso é curiosamente parecido à saída lateral das antigas lâminas da Torre. Os raios acima do casal da pintura, representação clássica da voz do Criador e o Gabriel empunhando a espada dão lugar, respectivamente, às chamas internas e ao fogo que vem do alto - representado em outros baralhos pelo tradicional raio de fogo que destrói a cúpula do edifício. O termo A Casa Deus, portanto, tem uma provavél comprovação devido ao afresco italiano de 1425.
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O NASCIMENTO DE VÊNUS Sandro Botticelli
O NASCIMENTO DE VÊNUS Sandro Botticelli
A ESTRELA
Êxtase pode ser, com certo exagero, a palavra que descreve a reação ao observar a mais famosa tela de Botticelli na Galleria degli Uffizi, em Florença. Falo por mim, é claro, mas não há como discordar que toda a delicadeza da tela abençoa o arcano 17, A Estrela, com o que os artistas e poetas há séculos chamam de Beleza. Se a deusa mitológica nasce das espumas do mar, o arcano, por sua vez, verte suas ânforas na água. Ambas dialogam de forma sublime pela total dependência do elemento para que possam florescer ao mundo. A carta do tarô suspira renovações, criatividade e esperança. Acaba-se o tédio da Temperança e os líquidos são despejados, assim como as vestes. Se Vênus cobre suas intimidades, Estrela despreocupa-se com elas: é como ver a verdade em sua mais pura existência. Puro êxtase.
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A NOITE ESTRELADA Vincent van Gogh
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A NOITE ESTRELADA Vincent van Gogh
A LUA
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Van Gogh, o lunático, marca presença na galeria arcana com a cena noturna mais bela que a França já viu. O incrível é que ele teve uma relação íntima com a noite desde que se mudou para Arles, cenário que serviu de inspiração para as mais belas obras de seu acervo. Mas foi essa que semeou os traços do Expressionismo devido à sua mente perturbada - atributo da Lua do tarô, óbvio. Pintou-a durante o dia, apenas com a lembrança da noite em que passeava com o enfermeiro após ter sido internado no sanatório de Saint-Paul-de Mausole. O ambiente do arcano tonifica as semelhanças com a tela: as torres da figura tradicional do tarô, como na do Ancient Italian, dialogam diretamente com o alto cipreste da esquerda e a torre pontiaguda da igreja lá embaixo na cidade. Alguém que observava os céus e dizia "Assim como tomamos um trem para Rouen, tomamos uma estrela para chegar à morte", só pode ter influência do arcano da madrugada. Loucura. Melancolia. Lua.
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OS GIRASSÓIS Vincent van Gogh
O SOL
OS GIRASSÓIS Vincent van Gogh
O SOL
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Se antes era perturbadoramente noturno, agora vê a luz do arcano 19 e pinta o vaso de flores mais famoso da história da arte. A tristeza é subtraída e a luminosidade é adicionada, criando uma verdadeira alegoria da vida e da morte em miríade amarelada de metáforas. Respeitando o ciclo da natureza, a essência da tela está na necessidade da existência irradiar beleza, fazendo com que o maquinário da vida não prevaleça sobre o ser humano. E é de relações humanas que trata o arcano 19 ao mostrar duas figuras se encontrando com os olhos e se tocando em sinal de reconciliação e acordo, como no Morgan-Greer. Em ambos a vitalidade explode. As cores se combinam em harmônica efusão. Como se fosse um jardim aberto. Um campo ensolarado de girassóis movimentando a vida.
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O ENTERRO DO CONDE ORGAZ El Greco
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O ENTERRO DO CONDE ORGAZ El Greco
O JULGAMENTO
Eu sei bem que O Julgamento encena um novo começo, uma nova realidade de uma outra era, com o momento de acertar as contas, independente de quem você é. Por isso que, limitado ao que a revista me oferece, associo O Enterro ao arcano 20. Um dos argumentos mais visivelmente comprovados na comparação é que ambos retratam o terreno e o celeste. O conde se desprende do corpo físico e ascende aos céus revendo toda a sua vida pelas esvoaçantes nuvens do tempo. Nessa "sinfonia fúnebre" que é o arcano do Juízo, vemos até mesmo os santos Estêvão e Agostinho virem buscar o maior nome da cidade espanhola de Toledo, assentuando sua importância em receber o julgamento. Não se pode esquecer que o cenário tradicional da carta é um cemitério, várias vezes concebido com vários túmulos abertos para o momento crucial da existência, que eu sei (e que você também sabe) qual é.
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A DANÇA Henri Matisse
O MUNDO
Assim que bati os olhos em Matisse, vi O Mundo. Sua tela mais famosa encerra com maestria a associação das cartas numeradas às obras de arte. Nesta, em especial, o artista engloba toda a expressão humana em uma celebração artística da poesia, da pintura, da música e da dança - as próprias verdades do tarô e o resumo conceitual do arcano 21 do tarô Rider Waite, que mostra a dançarina provida dos quatro elementos que viabilizam a existência. O solo é o horizonte da Terra, o azul a profundidade do espaço sideral e, as figuras em festa, o elo definitivo entre o chão e o céu - efetivando a relação terreno-celeste da lâmina anterior. O quadro "é a síntese de símbolo e realidade corpórea", segundo o Giulio Carlo Argan, crítico de arte. Eis a realidade cósmica de uma carta de tarô e uma tela pintada a óleo. Eis o mundo.
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O FILHO DO HOMEM René Magritte
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O FILHO DO HOMEM René Magritte
O LOUCO
Para alguns, O Louco é tudo no tarô. Para outros, é um mero arcano sem número e, por isso, sem lugar e importância nos jogos e nos estudos. Ainda bem que essa segunda turma é bem pequena, pois mesmo sendo o arcano sem número definido, ele é o mais enigmático símbolo em meio a tantas páginas soltas desse livro da vida. De tão louco, pelo sutil ele chega a ser surreal. Daí a deixa importantíssima para Magritte marcar presença. "O Filho do Homem", obra famosa por ser uma verdadeira incógnita, é a única tela da publicação que faz o bufão rir e espelhar semelhanças. O mais incrível é que não há nenhum significado metafórico para a maçã verde cobrir seu rosto ou estar contra um muro baixo que o separa das águas. Ele evoca o mistério, segundo a explicação do pintor. E o mistério, assim como a identidade do Louco, é irreconhecível. Basta nos atermos à imagem do Thoth Tarot, por exemplo, é cercar algum traço de racionalidade. Mesmo se houver, para quê serve? Ele é questionado, mas sempre questiona quem o observa. Sutilmente.
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No fim, cada arcano acabou tendo uma pintura que corresponde à sua natureza em algum momento. Não que sejam as únicas a espelharem o tarô, muito pelo contrário. Elas são apenas sugestões do que pode ser visto através das figuras mais misteriosas do mundo. Futilidade para alguns, a disciplina "Arte e Tarô" merece respeito e reconhecimento. É um caminho de identificação; um ingresso definitivo para desvendar as semelhanças e segredos do museu arcano. Viva a liberdade visual. É ela que amplia - caso respeitemos a estrutura simbólica do baralho - a nossa capacidade de ler o mundo. Pés no chão. Olhos em tudo.
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Novidades a caminho.
Um super Natal,
Um super Natal,
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Leo
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CRÉDITOS
Pinturas - Google Imagens www.google.com.br
Tarôs - Taroteca www.taroteca.multiply.com
9 comentários:
The Francisco de Goya piece made me think.
Gostei.
There is much more to be known concerning the "Goat"
http://www.xeper.org/pub/gil/xp_TOC_gil_Portugues.htm
Happy Holidays, carnal brother
Amei Leo!
eu achei a temperanca mto bem explicada, pq realmente nao tem mto haver ne? mas vc e fera! bejao e feliz natal !
Gostei, gostei, parabéns pela interpretação das semelhanças.Deu novo viés ao que já tinha em mente das pinturas.
A melhor: o papa.
Saudaçoes Leonardo. Eu ja voto n'O Louco como a melhor pois voce soube explicar perfeitamente bem um conceito tao deturpado duma carta de tarot com uma tela mais arcana ainda. parabens. pedro/pt
Leo,
Através do site Personare e da sua matéria sobre como vivenciar a sua própria beleza eu cheguei ao blog e a esta interessante relação que você fez com as obras de arte! Adorei isso, cara! Congrats!!!
Confesso que quando vi teu blog, achei que era por causa de Tarot Café. Li os 7 volumes esses tempos.
Mas ai vi teus comentários sobre o Manga. E vi que não tinha nada a ver. :D
Mas, eu estudo Wicca, e amo tarot!
Cara, achei teu blog MUITO bom!!
Mesmo!
Li quase todo ele.
Sei jogar um pouco, já que minha mãe joga a anos, então, o que sei aprendi com ela. Digamos que está no sangue.
Ganhei dela um baralho de Tarot, no natal.
Estava procurando como consagra-lo e foi ai que teu blog caiu no meu monitor.
Parabens pelos textos e postagens.
Adorei mesmo!
Abraços!
Kra, tah barbaro! Tu eh mto foda.Parabens pelo niver e muita inspiracao pra encher nossa mente de coisas maravilhosas sempre! Bjks da Cah.
Olá, Leonardo. Acessei seu blog através da comunidade da BRAVO! no orkut e confesso que fiquei impressionado com a sua criatividade. O tarô é um instrumento interessante, mas poucos tem a capacidade de dar uma nova roupagem para sua importância e seu estilo. Suas matérias são dignas das páginas da revista. Parabéns. Sucesso cada vez maior é sempre bom. Marcelo.
Obrigado, pessoal.
Super ano 9 pra todos!
Aguardem as novidades.
Grande abraço.
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