Saudade, saudade.
“Você já foi à Bahia?”, perguntava o Zé Carioca em Los Tres Caballeros. “Eu já”, respondia pra mim mesmo, enquanto explorava cada viela do Pelourinho, bebendo cores de telas, fachadas e portões coloniais ao som do Olodum tocando na outra ponta. Arte, arte por todos os lados. Do Balé Folclórico aos rochedos próximos do Forte, senti cada um dos ritmos. Nítidas heranças. Falas e gestos de um povo sempre de férias que faz da vida uma festa. Fortíssima a luz do Salvador, o próprio arcano 19 banhando cada praia e prédio da cidade.
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O mochileiro resgatando suas cartas._
A Bahia, aliás, é de todos os santos, de todos os orixás, de todos os arcanos. Impossível passar despercebida qualquer carta do baralho, seja nos azulejos da Igreja da Ordem 3ª, seja nos monumentos das praças e nas baianas com seus tabuleiros - de iguarias, claro. O jogo é de som, cheiro e sabor. Capoeira, dendê e camarão. Céu azul, mar azul. A água é cristalina e são quentes os tons pintam o meu crepúsculo no Farol da Barra.
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O descanso do Arcano 19.
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Foram muitos dias pelo Nordeste – no meio da magia de Campina Grande, nos céus de João Pessoa e nas águas verdes de Recife. Só que não me considerei turista em nenhum momento. Sou viajante, escuto os lugares. Minha emoção é silenciosa, ninguém percebe. Vejo cada movimento e os guardo naturalmente, como se me contassem uma história em voz alta, repleta de detalhes. Por isso não são necessárias muitas fotografias – o baralho é sempre o meu álbum de viagens. Ele se abre assim que desembarco e cada arcano me foge enquanto espero a bagagem. Durante os passeios as capturo uma a uma. Não tem erro: os olhos testemunham e a memória registra. Envio direto pra caixa aqui do peito.
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Todas as cores do Pelourinho.
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Então chega o momento de me despedir dos mares. Foi incrível o contato com eles nestes dois últimos meses. Mais que nunca foi grande a vivência do naipe de Copas. Ele todo fazendo a festa. Aproximações sentidas na pele, transformações ocorridas no dia-a-dia. E uma nova consciência sempre se moldando, é claro.
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Quero mais, Brasil. Me leva que eu vou!
Muito, muito obrigado.
Axé, agora e sempre.
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Leo