Le Fabuleux Destin d´Amélie Poulain, filme francês produzido por Jean Pierre Jeunet em 2002, foi um sucesso inesperado na França. A história da garota surpreendeu a produção e o mundo, tornando a personagem principal um ícone da cultura pop. Camisetas, zines, comunidades no orkut, febre e ideologia entre designers gráficos, livres-pensadores, estudantes de Letras, escritores de cartas, fãs de filmes alternativos e até adeptos do kitsch, mesmo que inconscientemente. Ah, claro, e muito bem vindo entre os lúdicos, aqueles que gostam de jogos de figuras. Sim, exatamente como você e eu.
Como o próprio nome do filme sugere, o grande segredo é perceber o destino de Amélie se desvelando em cada cena, uma vez que os minutos iniciais enfatizam a infância de uma garotinha estranha, com doenças cardíacas imaginadas pelos pais. Quieta e reclusa em um mundo de imaginação e brincadeiras solitárias, Amélie dá margem à curiosidade de saber qual é o diferencial da personagem e o que faz de significativo e inovador durante o filme, durante a vida.
Amélie não é uma garota comum, apesar das brincadeiras. Ela mexe com os hábitos, conhece-os bem. Detalhista, vive cada momento. É meditativa, quieta e observadora. A eterna menina cuja inocência é séria e o romance que vive é antigo. Repleto de imaginação, de surpresas e desejos. Mundinhos particulares. Cachalote, seu peixe de estimação, era neurastênico e vez ou outra tentava suicídio. Uma criança com um peixe? Associação simbólica com o Pajem de Copas, certeira. A realidade a assusta, principalmente quando pensou que cada clique de sua Kodak causava acidentes ao redor do mundo. É dentro de casa, aliás, que os arcanos começam a aparecer. Na infância, Amélie vivia isolada das pessoas. Raphael Poulain, ex-médico militar e pai às vezes, só se aproximava quando era preciso fazer exames nela. Rei de Espadas puro.
O ator Rufus como Raphael Poulain – lábios contraídos: sinal de falta de coração.
Para completar a família, Amandine, sua mãe, tinha colapsos nervosos que só uma morte trágica nos portões da igreja iria deixá-la em paz: uma turista canadense se joga do topo do templo e cai em cima dela. Uma Torre para uma Rainha de Gládios.
Lorella Cravotta é Amandine Poulain (Fouet, em solteira) – tique nervoso: sinal de perturbação neurótica.
“Os anos passam – Amélie prefere sonhar até ter idade para partir”. Sai do subúrbio e passa a trabalhar como garçonete numa cafeteria em Montmartre, o famoso Café Le Deux Moulins – hoje um dos pontos turísticos de Paris. Amélie gosta de procurar detalhes que ninguém vê. Não gosta de namorar, mesmo que cultive um gosto particular pelos pequenos prazeres, como:
Enfiar a mão bem fundo no saco de cereais;
Quebrar a cobertura do crème brulée com a colher;
E jogar pedras no canal Saint Martin.
Aliás, desde nova Amélie mantém contato com a água. Só o começo das analogias com o personagem mais novo da corte de Copas. Arrisco semelhanças físicas, até.
Falar em Pajem do tarô é o mesmo que falar em Princesa, a nova concepção do arcano a partir da “correção” do oráculo, segundo alguns artistas. Aqui se encaixa apenas uma noção de temporalidade à história, que se passa entre agosto e setembro de 97 – Lady Di morre na França.
Não, não é coincidência e muito menos uma troca de princesas da minha parte. O acidente serve apenas para situar a história na realidade. Mas claro, é a presença da própria Morte mexendo nas entranhas do acaso.
Em seu antigo apartamento, Amélie assiste à notícia pela TV. Perplexa, uma ironia do destino acarreta os próximos acontecimentos: encontra uma velha lata escondida em um buraco na parede do banheiro e descobre que as relíquias guardadas pertenciam a um ex-morador. Ao abrir, lembranças que nem eram dela pulam à sua frente. Amélie decide encontrar o dono, um tal de Dominique Bredoteau.
“BreTodeu, e não BreDoteau.” – o destino de Amélie começa a mudar quando conhece seu vizinho Raymond Dufayel, l’homme de verre. Com a ajuda do Eremita em pessoa, consegue devolver as preciosas memórias de infância de Bredoteau. Digo, BreTodeau.
Serge Merlin como Raymond Dufayel e o Eremita de Marselha.
Maurice Bénichou como Dominique Bretodeau. Comovida com a felicidade do homem, Amélie encontra um sentido para sua vida: ajudar as pessoas ao seu redor a partir de pequenos gestos, muitas vezes criativos e incomuns. Destaque para as descrições do cenário enquanto acompanha o homem cego pela rua, momento em que ela o faz enxergar, iluminar-se por um momento. Foi quando procurava referências sobre o antigo inquilino do apartamento que acabou conhecendo uma outra vizinha: Madeleine Wallace. Viúva, ela vive com seu gato e com o querido Leão Preto, um velho cão empalhado, há 40 anos sem receber notícias de seu marido desaparecido durante uma expedição. Bom, dizem mesmo é que ele havia fugido com a secretária.
Yolande Moreau como Madeleine Wallace e a Sacerdotisa de Marselha.
Seu nome lembra a própria Madalena e o sobrenome, as fontes Wallace da França: literalmente destinada às lágrimas, assegura a concierge. É a Sacerdotisa da história, claro. Amélie banca a boa samaritana e dá um jeito de escrever e enviar uma carta do falecido marido, se desculpando pela ausência e declarando, com todas as letras, que a amaria sempre. Milagre do Cupido. Ou uma tática da princesa Poulain.
A Rainha dos Enjeitados, portanto, acaba descobrindo que ainda lhe falta algo que lhe impede de se sentir feliz: um amor de verdade, alguém para jantar, um homem para dormir em seus ombros. Durante sua jornada secreta, acaba conhecendo Nino Quincapoix – o amor à primeira vista.
O Pajem de Copas do New Vision Tarot contrastando com os pés de Amélie.
Como o próprio nome do filme sugere, o grande segredo é perceber o destino de Amélie se desvelando em cada cena, uma vez que os minutos iniciais enfatizam a infância de uma garotinha estranha, com doenças cardíacas imaginadas pelos pais. Quieta e reclusa em um mundo de imaginação e brincadeiras solitárias, Amélie dá margem à curiosidade de saber qual é o diferencial da personagem e o que faz de significativo e inovador durante o filme, durante a vida.
Amélie não é uma garota comum, apesar das brincadeiras. Ela mexe com os hábitos, conhece-os bem. Detalhista, vive cada momento. É meditativa, quieta e observadora. A eterna menina cuja inocência é séria e o romance que vive é antigo. Repleto de imaginação, de surpresas e desejos. Mundinhos particulares. Cachalote, seu peixe de estimação, era neurastênico e vez ou outra tentava suicídio. Uma criança com um peixe? Associação simbólica com o Pajem de Copas, certeira. A realidade a assusta, principalmente quando pensou que cada clique de sua Kodak causava acidentes ao redor do mundo. É dentro de casa, aliás, que os arcanos começam a aparecer. Na infância, Amélie vivia isolada das pessoas. Raphael Poulain, ex-médico militar e pai às vezes, só se aproximava quando era preciso fazer exames nela. Rei de Espadas puro.
O ator Rufus como Raphael Poulain – lábios contraídos: sinal de falta de coração.
Para completar a família, Amandine, sua mãe, tinha colapsos nervosos que só uma morte trágica nos portões da igreja iria deixá-la em paz: uma turista canadense se joga do topo do templo e cai em cima dela. Uma Torre para uma Rainha de Gládios.
Lorella Cravotta é Amandine Poulain (Fouet, em solteira) – tique nervoso: sinal de perturbação neurótica.
“Os anos passam – Amélie prefere sonhar até ter idade para partir”. Sai do subúrbio e passa a trabalhar como garçonete numa cafeteria em Montmartre, o famoso Café Le Deux Moulins – hoje um dos pontos turísticos de Paris. Amélie gosta de procurar detalhes que ninguém vê. Não gosta de namorar, mesmo que cultive um gosto particular pelos pequenos prazeres, como:
Enfiar a mão bem fundo no saco de cereais;
Quebrar a cobertura do crème brulée com a colher;
E jogar pedras no canal Saint Martin.
Aliás, desde nova Amélie mantém contato com a água. Só o começo das analogias com o personagem mais novo da corte de Copas. Arrisco semelhanças físicas, até.
Falar em Pajem do tarô é o mesmo que falar em Princesa, a nova concepção do arcano a partir da “correção” do oráculo, segundo alguns artistas. Aqui se encaixa apenas uma noção de temporalidade à história, que se passa entre agosto e setembro de 97 – Lady Di morre na França.
Não, não é coincidência e muito menos uma troca de princesas da minha parte. O acidente serve apenas para situar a história na realidade. Mas claro, é a presença da própria Morte mexendo nas entranhas do acaso.
Em seu antigo apartamento, Amélie assiste à notícia pela TV. Perplexa, uma ironia do destino acarreta os próximos acontecimentos: encontra uma velha lata escondida em um buraco na parede do banheiro e descobre que as relíquias guardadas pertenciam a um ex-morador. Ao abrir, lembranças que nem eram dela pulam à sua frente. Amélie decide encontrar o dono, um tal de Dominique Bredoteau.
“BreTodeu, e não BreDoteau.” – o destino de Amélie começa a mudar quando conhece seu vizinho Raymond Dufayel, l’homme de verre. Com a ajuda do Eremita em pessoa, consegue devolver as preciosas memórias de infância de Bredoteau. Digo, BreTodeau.
Serge Merlin como Raymond Dufayel e o Eremita de Marselha.
Maurice Bénichou como Dominique Bretodeau. Comovida com a felicidade do homem, Amélie encontra um sentido para sua vida: ajudar as pessoas ao seu redor a partir de pequenos gestos, muitas vezes criativos e incomuns. Destaque para as descrições do cenário enquanto acompanha o homem cego pela rua, momento em que ela o faz enxergar, iluminar-se por um momento. Foi quando procurava referências sobre o antigo inquilino do apartamento que acabou conhecendo uma outra vizinha: Madeleine Wallace. Viúva, ela vive com seu gato e com o querido Leão Preto, um velho cão empalhado, há 40 anos sem receber notícias de seu marido desaparecido durante uma expedição. Bom, dizem mesmo é que ele havia fugido com a secretária.
Yolande Moreau como Madeleine Wallace e a Sacerdotisa de Marselha.
Seu nome lembra a própria Madalena e o sobrenome, as fontes Wallace da França: literalmente destinada às lágrimas, assegura a concierge. É a Sacerdotisa da história, claro. Amélie banca a boa samaritana e dá um jeito de escrever e enviar uma carta do falecido marido, se desculpando pela ausência e declarando, com todas as letras, que a amaria sempre. Milagre do Cupido. Ou uma tática da princesa Poulain.
A Rainha dos Enjeitados, portanto, acaba descobrindo que ainda lhe falta algo que lhe impede de se sentir feliz: um amor de verdade, alguém para jantar, um homem para dormir em seus ombros. Durante sua jornada secreta, acaba conhecendo Nino Quincapoix – o amor à primeira vista.
O Pajem de Copas do New Vision Tarot contrastando com os pés de Amélie.
E Matthew Kossavitz, como Nino Quincapoix
Nino foi também um garoto solitário, a chacota da escola. Chegou a colecionar pegadas no cimento fresco quando era guarda noturno. Agora trabalha num sex-shop e no trem-fantasma do parque de diversões. Também é sensível, imaginativo, quieto e até romântico. Um de seus prazeres é manter um grande álbum recheado de fotografias 3x4, todas encontradas no lixo ou embaixo da máquina instantânea da rodoviária. O grande enigma de sua coleção é o retrato de um homem que aparece sempre em todas as lixeiras, ocupando bastante espaço na preciosa galeria. Sem que se dê conta, ele está prestes a descobrir o amor.
A princesa de Copas torna-se amiga do homem de vidro. Ele tem pintado, nos últimos 20 anos, um quadro por primavera. O da vez é o "Almoço dos Barqueiros", em típicas pinceladas de Renoir. "O mais difícil são os olhares", confessa o artista. Aliás, o único que ele não consegue captar é o da moça com o copo d´água - referência direta ao arcano de Copas, a pura personificação de Amélie e seus sentimentos intocados. Ela está no centro e, no entanto, está fora. "Talvez seja diferente dos outros", justifica a garota, fazendo-o pensar. "Quando era pequena não devia brincar muito com outras crianças. Talvez nunca", deduz Dufayel, fitando a silenciosa companhia.
A moça do copo, em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do quadro a criar laços com os que estão presentes, que se justifica: "Ao contrário, talvez ela esteja tentando arrumar a bagunça na vida dos outros". E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr em ordem?
Gerd Ziegler, em seu livro Tarô - Espelho da Alma, destaca a Princesa de Copas pela sua grande ternura e delicadeza e, pela análise da lâmina de Crowley, segura a taça com a tartaruga, um símbolo da proteção amorosamente proporcionada a si própria e aos outros.
Detalhe da Princesa de Copas do Tarô de Thoth, pintada por Frieda Harris.
Nino foi também um garoto solitário, a chacota da escola. Chegou a colecionar pegadas no cimento fresco quando era guarda noturno. Agora trabalha num sex-shop e no trem-fantasma do parque de diversões. Também é sensível, imaginativo, quieto e até romântico. Um de seus prazeres é manter um grande álbum recheado de fotografias 3x4, todas encontradas no lixo ou embaixo da máquina instantânea da rodoviária. O grande enigma de sua coleção é o retrato de um homem que aparece sempre em todas as lixeiras, ocupando bastante espaço na preciosa galeria. Sem que se dê conta, ele está prestes a descobrir o amor.
A princesa de Copas torna-se amiga do homem de vidro. Ele tem pintado, nos últimos 20 anos, um quadro por primavera. O da vez é o "Almoço dos Barqueiros", em típicas pinceladas de Renoir. "O mais difícil são os olhares", confessa o artista. Aliás, o único que ele não consegue captar é o da moça com o copo d´água - referência direta ao arcano de Copas, a pura personificação de Amélie e seus sentimentos intocados. Ela está no centro e, no entanto, está fora. "Talvez seja diferente dos outros", justifica a garota, fazendo-o pensar. "Quando era pequena não devia brincar muito com outras crianças. Talvez nunca", deduz Dufayel, fitando a silenciosa companhia.
A moça do copo, em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente do quadro a criar laços com os que estão presentes, que se justifica: "Ao contrário, talvez ela esteja tentando arrumar a bagunça na vida dos outros". E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr em ordem?
Gerd Ziegler, em seu livro Tarô - Espelho da Alma, destaca a Princesa de Copas pela sua grande ternura e delicadeza e, pela análise da lâmina de Crowley, segura a taça com a tartaruga, um símbolo da proteção amorosamente proporcionada a si própria e aos outros.
Detalhe da Princesa de Copas do Tarô de Thoth, pintada por Frieda Harris.
O braço esticado simboliza a distância que tomou dela mesma, ressaltando o perigo de anular-se, sofrendo pela solidão e pelo conformismo de fazer o bem aos outros. A carta prevê novos casos sentimentais, embora inicialmente delicados. Aqueles que surgem forma lenta ou mesmo despercebida.
Dominique Pinon como o ciumento Joseph e Isabelle Nanty, como Georgette.
Devido a isso, como o destino é fabuloso, o Cupido continua sobrevoando Montmartre - veja o caso de Georgette e Joseph que, literalmente, abalou as estruturas do Deux Moulins - e começa a entender o recado do Eremita quando se depara com uma chance ao amor: num encontro forçado pelas circunstâncias, ela acaba ficando com o álbum de Nino.
Dominique Pinon como o ciumento Joseph e Isabelle Nanty, como Georgette.
Devido a isso, como o destino é fabuloso, o Cupido continua sobrevoando Montmartre - veja o caso de Georgette e Joseph que, literalmente, abalou as estruturas do Deux Moulins - e começa a entender o recado do Eremita quando se depara com uma chance ao amor: num encontro forçado pelas circunstâncias, ela acaba ficando com o álbum de Nino.
A Morte traz o inesperado. Amélie vai até o Parque de Diversões para devolver pessoalmente o tesouro do rapaz. O sentimento vai se libertando como um suspiro. Ou melhor, como uma baforada próximo ao rosto.
A Morte do Tarô de Marselha com Amélie e Nino: mudanças e mudanças.
E ela está apaixonada. E ele gosta de estratagemas.
Ambos imaginam-se, cada um com suas fantasiosas expectativas.
Ambos estão tensos, mas Amélie permanece segura. Até o dono da quitanda (quase um Imperador; chato, mandão e dependente da mãe na hora de fazer as finanças) tem seu merecido susto e a certeza de sua loucura ao perceber invertidas as maçanetas do banheiro e escovar os dentes com o creme para os pés. Traquinagens de Amélie por destratar Lucien, o Louco - fiel entregador de compras e aluno de pintura de Dufayel. Pois é, Collignon. "Até as alcachofras tem coração".
Urbain Cancelier é Collignon, o dono da quitanda e Jamel Debbouze, o Lucien.
É Amélie quem facilita a resolução do enigma do fantasma a Nino, que vai até a cafeteria e encontra a garota arredia que desconversa com os gestos e vira água quando ele deixa o lugar.
Um toque do décimo oitavo, A Lua, arcano ilustra o ponto.
Ela imagina sua vida ao lado de Nino com todos os detalhes.
Ela imagina sua vida ao lado de Nino com todos os detalhes.
Mas a mensagem de Raymond é clara - "Vá em frente, pelo amor de Deus”. Nino e Amélie, frente a frente. Eis os Enamorados, que se tocam no silêncio, no auge da história. A luz do Eremita indicou o caminho.
Cavaleiro e Pajem de Copas - Morgan-Greer Tarot
A Roda influenciou cada passo da história, que vai contra a mania de grandeza e demonstra o valor da pequenez ao ater-se aos detalhes. Aliás, quanto aos detalhes, deixo a dica: quando passear pelas cartas de um tarô, atente aos detalhes de cada uma delas. A cenografia, as texturas, o pano de fundo, as sombras, o jogo de cores e até a semelhança física entre os desenhos e os atores. Amélie é um filme mágico, riquíssimo tanto em mensagens sutis quanto em beleza visual, claro.
“Esqueça a Nouvelle Vague”, sugere o diretor. O aspecto visual - e até mesmo ideológico - do filme é ambíguo. A atmosfera é irreal; a estética, atemporal. Mas aqui não há espaço para o tédio. Cada personagem tem papel crucial na rede de influências de Amélie. Não, não é nada blasé. A fotografia é belíssima e muito bem trabalhada, um dos grandes destaques. O vermelho e o verde dominam. A trilha sonora, concebida por Yann Tiersen, é perfeita: tonifica o estilo cenográfico utilizado por Jeunet temperando a comédia com boas doses de drama. O acaso acompanhou o roteiro, o elenco e as decisões da equipe técnica. Nas palavras de Bruno Delbonnel, diretor de fotografia, “Amélie é uma história feliz”.
O metrô, o velho cego e Amélie ao som de Edith Piaf.
Apresenta ainda o narrador que parece comentar um assunto simples, porém profundo; descontraído, mas com pitadas de suspense que prendem a atenção. Um toque incomum que faz qualquer pessoa esquecer do tempo, assim como a leitura de um velho livro da infância. Ou mesmo como brincar com as cartas de um baralho.
É inovador e cativante, recomendado a todos por ser extremamente polissêmico e aquecido pelos humores e paixões de uma criança. Curiosa a forma com que todos os coadjuvantes têm seus destinos transformados pelas atitudes dela. A inocência, conscientemente preservada e transmitida em todos os momentos, faz com que sejam validadas as emoções e os minutos preciosos de se render aos prazeres da vida. O destino se encarrega do melhor. Basta querer.
Leo
É inovador e cativante, recomendado a todos por ser extremamente polissêmico e aquecido pelos humores e paixões de uma criança. Curiosa a forma com que todos os coadjuvantes têm seus destinos transformados pelas atitudes dela. A inocência, conscientemente preservada e transmitida em todos os momentos, faz com que sejam validadas as emoções e os minutos preciosos de se render aos prazeres da vida. O destino se encarrega do melhor. Basta querer.
Leo
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4 comentários:
Olá Leonardo tudo bom? Olha gostei muito do seu texto Amélie está perfeitamente enquadrada. Parabens pela criatividade.
Leo, excelente artigo. Acho que vale lembrar que a Princesa de Copas simboliza também um processo de cura emocional e costuma sair muito em tiragens de pessoas que estão paulatinamente se abrindo novamente ao amor após um período de perda.
Amelie realmente foi educada num ambiente repressor, passou por uma perda precoce [a perda materna] e fechou o coração. Amelie Poulin é a história de um processo de cura afetivo. De certa forma, é a história de todos nós.
Keep writing!
Vc, mais que ninguém, sabe o quanto me identifico com esse filme. Essa sua análise foi magnífica.
Dizer que me surpreendi é negar todo esse tempo que te conheço. És mesmo iluminado.
Escreva, sempre!
Adorei.
Beijo
Lindo texto, obrigada por escrevê-lo!
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